Autor: Hermann Hesse


Sidarta, buscando insaciávelmente pela iluminação, tenta encontrá-la na peregrinação, com a total abstenção dos prazes e meditação contínua, mas não a encontra. Então tenta encontrá-la nos prazeres mundanos e na vida repleta de vaidades, novamente não a encontra.

“O oposto de cada verdade é igualmente verdade” Isso significa: uma verdade só poderá ser comunicada e formulada por meio de palavras quando for unilateral. Ora unilateral é tudo quanto possamos apanhar pelo pensamento e exprimir pela palavra. Tudo aquilo é apenas um lado das coisas, não passa de parte, carece de totalidade, está incompleto, não tem unidade. Sempre que o augusto Gotama, em suas aulas, nos falava do mundo, era preciso que o subdividisse em Sansara e Nirvana, em ilusão e verdade, em sofrimento e redenção. Não se pode proceder de outra forma. Não há outro caminho para quem quer ensinar. Mas o próprio mundo, o ser que nos rodeia e existe em nosso íntimo, não é nunca unilateral. Nenhuma criatura humana, nenhuma ação é inteiramente Sansara nem inteiramente Nirvana. Homem algum é totalmente santo ou totalmente pecador.